Bootstrapping, funding ou fundraising: qual caminho seguir?
NESTE ARTIGO:
A importância dos investimentos
Quando o bootstrapping é a melhor saída
Funding: o que é e quais os principais tipos
Funding: como chegar aos investidores
Fundraising e como ele alavanca o negócio
A importância dos investimentos
A criação de uma empresa de sucesso depende de alguns fatores.
Depois de validar sua ideia, ou seja, checar o alinhamento entre a proposta de valor e o interesse do mercado, é o momento de pensar nos recursos financeiros para colocar o negócio de pé.
Apesar de não existir um manual para definir qual o melhor caminho a seguir, duas coisas são certas.
A primeira é que dificilmente uma startup vai deslanchar sem um investimento. A segunda é que se trata de uma via de mão dupla.
Não é apenas o fundo ou o investidor-anjo que deve escolher a empresa.
Os empreendedores também devem escolhê-los, como explica Vitor Magnani, presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O) e do Conselho de Comércio Eletrônico da FecomercioSP.
Segundo ele, para captar recursos para um negócio, o primeiro passo é realizar uma boa pesquisa sobre os potenciais doadores para sua empresa.
“Com a escolha definida, estude a companhia como se fosse para uma entrevista de emprego, pois assim fica mais fácil conhecer os interesses do investidor”, diz.
Outro ponto importante é criar uma apresentação do seu negócio atrativa e que chame a atenção de todos.
Isso quer dizer ter relatos reais para compartilhar durante a negociação, além de apresentar planilhas e textos explicativos de prestação de contas para passar segurança ao investidor.
“Antes de ficar no vermelho, procure captar recursos e tenha orçamentos dos projetos que deseja realizar”, diz Vitor.
Ele ressalta, também, a importância de manter uma rede de relacionamento no setor de atuação.
“É essencial conhecer o universo desse segmento, incluindo iniciativas sociais com propostas semelhantes às da sua instituição”.
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Quando o bootstrapping é a melhor saída
Há algumas possibilidades de investimento. O primeiro é o chamado bootstrapping. O termo possui diferentes aplicações em função do contexto em que é utilizado. No ambiente administrativo e no mundo do empreendedorismo, significa começar um negócio a partir de recursos próprios e limitados, sem o apoio de investidores.
Ou seja, a captação é realizada por meio dos resultados das atividades do negócio.
A ideia é crescer e alavancar o negócio somente com recursos internos, sem buscar captação de investimentos externos.
Nele, é o próprio responsável pelo empreendimento quem investe.
Nesse caso, não há segredo: o aporte é realizado sem o auxílio de investidores externos e essa é uma ótima alternativa para quem deseja iniciar as atividades sem precisar dividir o equity da empresa ou ter novos sócios.
De acordo com Vitor, o bootstrapping é ideal para as startups que ainda não despertaram o interesse de investidores.
Nesse formato, o empreendedor utiliza apenas o dinheiro que a startup tem no caixa e a cultura da empresa deriva dos valores e das atitudes do time fundador.
Funding: o que é e quais os principais tipos
O funding é a captação de recursos para investimentos e é o melhor caminho a seguir quando falamos em crescimento e expansão.
Com ele, é possível investir em inovação sem prejudicar o capital para manutenção da organização em seu campo de atuação.
Essa estratégia é bastante utilizada por startups e negócios relacionados à tecnologia, por conta do incentivo ao desenvolvimento de novas soluções.
Nesse formato, existem diversas modalidades como as aceleradoras, investidor anjo, Venture Capital e Private Equity ou órgãos e agências de fomento que investem nas empresas com o propósito de alavancá-las e aumentar o seu valuation.
As práticas de valuation, termo em inglês para "Avaliação de Empresas", mais utilizadas por investidores como o americano Dave Berkus, se concentram em aspectos mais qualitativos do que quantitativos, como proposta única de valor, capacidade do empreendedor e do time, tamanho do mercado a ser atingido, inovação e criatividade, e custo de aquisição de clientes. Ainda, existem outros indicadores que podem compor o valuation de uma empresa, a exemplo dos modelos de geração de receita do empreendimento, o lifetime value da sua carteira de clientes, entre outros fatores econômico-financeiros e mercadológicos.
E há vários tipos de investimentos.
O foco das grandes companhias de venture capital (modalidade de investimento focada em negócios emergentes), por exemplo, está majoritariamente voltado para empresas de pequeno e médio porte, com alto potencial de crescimento e tem por objetivo ajudar o empreendimento a criar e capturar valor, apoiando-o também na gestão do negócio.
Para as startups em estágio inicial (early-stage), o apoio financeiro pode vir de anjos, incubadoras, aceleradoras e financiamento coletivo (crowdfunding).
Há, até, iniciativas como o AngelList, um site no qual fundadores de startups publicam suas ideias e encontram investidores interessados em financiar empresas em estágio inicial.
Funding: como chegar aos investidores
A primeira coisa que precisa ser pensada é que não se trata apenas de obter dinheiro, é preciso que esse valor venha de um lugar – ou pessoa – que faça sentido para o negócio.
No que diz respeito aos fundos, por exemplo, há os que são focados em determinados mercados, há os que querem participar mais do dia a dia da empresa, e existem os que preferem ficar mais distantes.
Por isso, saber o tipo de investimento que faz mais sentido à startup é parte essencial do processo.
Uma das perguntas que o investidor faz para decidir investir na empresa é: como esse recurso será utilizado?
E o empreendedor precisa saber detalhar isso, mostrando o porquê do direcionamento. O racional por trás da alocação de capital deve ser muito claro e objetivo.
Assim, entender de finanças é essencial para decidir estrategicamente a porcentagem que irá para um possível investidor, como explica Frederico Rizzo, sócio-fundador da Kria, no livro “O mundo (quase) secreto das startups”.
“Um erro muito comum é vender uma participação muito grande da empresa na primeira oportunidade”, afirma.
Acontece que, por ansiedade de conseguir o investimetno, o empreendedor pode negociar uma participação significativa do empreendimento a alguém pouco estratégico, que não agrega muito à empresa.
Isso deixa os próximos investidores pouco motivados.
Por isso, é essencial saber fazer os cálculos certos, com metas de curto, médio e longo prazos para distribuir os investimentos da maneira correta.
Fundraising: o que é e como ele alavanca o negócio
O fundraising é o método que busca criar processos para que seja possível a captação de fundos e recursos para o desenvolvimento e financiamento de uma startup ou de um projeto.
Esses processos envolvem conhecimentos de áreas como marketing, comunicação, jurídico e finanças, que contribuem para a criação de um sistema sólido, servindo para atrair mais investidores.
Geralmente, os empreendedores recorrem a esse modelo no período inicial, quando o projeto está sendo iniciado e há a demanda por investimentos para possibilitar o desenvolvimento dos primeiros MVPs e testes do produto ou serviço.
Esse modelo é ideal também para alavancagem do negócio, na qual o estágio da ideia já foi testada e é necessário recursos para torná-la escalável.
Os investidores anjo são os principais responsáveis por apostar em startups e contribuir para o crescimento dessas empresas, sendo que o ideal é aquele que traz três tipos de capital: o financeiro, o intelectual e o relacional.
É essencial se atentar para não vender uma parte muito grande da empresa e para usar o dinheiro da maneira correta.
Todo capital deve ser investido para testar se o mercado precisa e quer a solução. Ferramentas de gestão, análise, design, hospedagem (muitas gratuitas) e redes sociais podem substituir desenvolvimentos caros e desnecessários quando ainda não se tem certeza da aceitação do público-alvo.
O lema nesta fase é: erre rápido e erre barato.
Mas, antes de buscar um investimento para a sua empresa, faça uma análise criteriosa do negócio, avaliando o quanto de dinheiro é necessário para dar os primeiros passos, em que processos o aporte será usado e quais são as perspectivas de retorno a curto, médio e longo prazos.
Sobre o autor:
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