Não há determinismo quando se trata de Business Plan

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O fato é que não existe uma definição correta para business plan, pois plano algum funcionará em todas as situações. Mas, ainda assim, podemos defini-lo como um documento que descreve a ideia de um empreendimento e as condições para sua abertura e funcionamento.

De alguma maneira, ele tangibiliza as ideias do empreendedor sobre o negócio e detalha os caminhos (e eles mudarão, com certeza) para chegar lá.

David Gumpert define business plan como “...um documento que demonstra de maneira convincente que o negócio pode vender o produto ou serviço de modo a obter lucro satisfatório e ser atraente aos financiadores”.

Já o Sebrae traz uma visão um pouco mais administrativa, e define um business plan como um documento que descreve os objetivos de um negócio e quais passos devem ser dados para que esses objetivos sejam alcançados, diminuindo os riscos e as incertezas. Documento este que permite identificar e restringir seus erros no papel ao invés de cometê-los no mercado.


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Por que é importante ter um business plan?

A necessidade, os objetivos e a profundidade na elaboração de um business plan derivam, entre vários fatores, do motivo pelo qual ele é desenvolvido e do contexto no qual a empresa se encontra.

Afinal, para quê precisamos ter um business plan? Realmente sua empresa precisa de um? “Existe um template matador”?

Eis alguns bons motivos para se elaborar um plano de negócios:

  • Demonstrar a viabilidade da empresa e identificar oportunidades de negócio;

  • Usar como ferramenta do desempenho da organização;

  • Tangibilizar metas e estratégias aos colaboradores da empresa;

  • Ter um guia para a tomada de decisão;

  • Apresentar a empresa e ajudar no desenvolvimento com stakeholders externos;

  • Identificar fatores que impulsionarão ou dificultarão o tracionamento do negócio.

Você precisa mesmo de um business plan?

Depende. Sobretudo quando o contexto envolve falta de informação, urgência em capturar uma oportunidade e um ambiente externo turbulento e instável. Soa familiar?

Em circunstâncias de abertura de uma nova empresa, o ambiente pode ser tão turbulento e inovador que a falta de informações faz com que os benefícios de um planejamento detalhado sejam questionáveis.

De fato, em tais circunstâncias, a adaptabilidade se sobressai ao planejamento detalhado. Nesse sentido, trabalhar em um plano resumido ou usar outras ferramentas mais enxutas (ex.: Business Model Canvas, que não substitui integralmente o plano de negócios) pode atender à necessidade do empreendedor.

Também há casos em que colocar a empresa “de pé” e fazê-la funcionar rapidamente é a prioridade. Amar Bhidé, criador do programa “The Entrepreneurial Manager”, da Harvard Business School, destaca que a falta de planejamento pode fazer sentido para algumas empresas:

Empresas com capital limitado não podem se dar ao luxo de fazer análise e pesquisa prévias muito detalhadas. O potencial limitado de lucro e o alto grau de incerteza da oportunidade que geralmente estão envolvidos também tornam os benefícios baixos quando comparados aos custos”.

Quando trazemos o olhar para o mundo das startups, os objetivos por trás de um business plan estão bastante focados em articular a sua visão de negócio, em documentar como planejam resolver desafios futuros e em apresentar a sua ideia de negócio para investidores em potencial.

Na visão de Richard Harroch, Managing Director e Global Head of M&A no VantagePoint Capital Partners, planos de negócios são em grande parte uma perda de tempo pelas seguintes razões: demandam muito tempo para serem preparados, se tornam desatualizados rapidamente e ninguém tem tempo para lê-los.

Potenciais investidores e venture capitals geralmente não têm tempo ou interesse em dedicar tempo no documento. Eles analisam centenas, senão milhares de oportunidades de startups, logo, você precisa chamar a atenção deles com algo muito mais curto e impactante.

Em contrapartida, Harroch lista essas 5 iniciativas para aqueles que querem lançar a sua startup:

  1. Prepare um excelente pitch de vendas para investidores em potencial;

  2. Foque na construção de um bom protótipo;

  3. Pesquise exaustivamente as oportunidades de mercado e a concorrência;

  4. Elabore projeções financeiras detalhadas;

  5. Certifique-se de ter refletido sobre os motivos pelos quais muitas startups não são financiadas por investidores;

Mas sejamos justos: em alguma medida, as iniciativas destacadas por Harroch são, de fato, parte importante de um business plan. Além disso, precisamos levar em consideração como o processo na elaboração de um plano de negócios agrega na concepção e idealização de um novo negócio.

Não é segredo que nós precisamos de uma boa dose de disciplina que é encontrada na elaboração de um plano de negócios. Boa parte das atividades iniciadas sem preparação adequada tende a apresentar chances de sucesso aleatórias.

Refletir acerca de um novo negócio é algo muito maior que a concepção de ideias relacionadas. Logo, um planejamento estruturado ajuda a sistematizar e contemplar fatores relevantes que devem ser considerados nas fases iniciais de um empreendimento.

Pelo fato de identificar variáveis capazes de colaborar com o fracasso ou sucesso da empresa, o business plan pode ser considerado um modelo que ajuda o empreendedor e seus stakeholders a focar questões e iniciativas relevantes ao novo negócio. Vamos entender, então, como funciona essa estruturação.

O conteúdo de um business plan vencedor

Oportunidade. Não perca de vista esse conceito. Ele é o elemento principal do seu business plan e todo o resto deriva dele.

Estratégias e planos financeiros “se curvam” à oportunidade e é nisso que os investidores estão realmente interessados: boas oportunidades de negócios que valham a pena investir.

Quando se avalia uma oportunidade de negócios, é necessária total atenção a alguns fatores interdependentes que determinarão o conteúdo restante de um bom business plan:

O time.

Pessoas no centro de tudo. Serão elas as responsáveis por concretizar o que está escrito no papel. Quem são as pessoas que iniciarão a execução do plano? Quais suas qualificações, suas experiências e valores. Como se complementam?

A oportunidade.

O que a empresa venderá, qual o seu público e qual o seu poder de tração? Adicionar uma visão do segmento ou setor onde estará inserida e uma avaliação dos aspectos positivos e negativos que poderão influenciar no sucesso do negócio.

Recursos.

Não estamos falando somente de dinheiro, mas também de ativos humanos (internos e externos). A abordagem empresarial para recursos é fazer muito com pouco.

Estrutura do acordo.

Como está estruturado o financiamento do empreendimento e o cap table (tabela onde são descritos os acionistas de uma empresa). Esse fator está diretamente relacionado ao incentivo do empreendedor e dos investidores.

Variáveis não controláveis.

Contexto ou fatores externos aos quais a oportunidade está exposta, a exemplo de ambiente regulatório, taxas de juros, índices demográficos, inflação, entre outros.

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Esses são pilares que sustentam um plano de negócios eficiente, e considerá-los e relacioná-los faz com que o empreendedor mitigue ambiguidades e incertezas, além de expor com clareza a tentativa de lidar com questões estratégicas que têm impacto no empreendimento.

Como fazer um business plan?

Não há formato específico para um plano de negócios, mas podemos considerar algumas diretrizes e seções:

Comece pelo sumário executivo

O apontamento de informações sobre empreendedores e gestores envolvidos na elaboração do plano de negócios e uma visão geral do que será abordado ao longo do documento, com os pontos mais significativos em destaque, são etapas importante do business plan, que devem ser criadas para organizar dar um direcionamento, de maneira simples e fácil de entender, sobre tudo o que será abordado.

Visão e declaração da missão

Todo o planejamento deve estar conectado com a missão e valores da empresa. Aqui deve-se apresentar o detalhamento conciso do propósito e da estratégia que levará a empresa a atingir sua visão.

Descreva o perfil de sua empresa

Essa seção contempla informações básicas da empresa, como nome e endereço, e informações sobre a natureza do negócio, formação societária, momento da companhia e histórico.

Crie o plano de produtos/serviços

Aqui entram a descrição do produto ou serviço, suas características, seus diferenciais competitivos e informações complementares inerentes a ele, como patentes, registro de marca, etc.

Faça uma análise de mercado e concorrência e defina um bom plano de marketing

Clientes potenciais, concorrentes, estratégias e tudo relacionado ao plano de marketing para seu produto ou serviço deve entrar aqui, incluindo estudo de mercado e público, estratégia de vendas, de canais e promoções, definição de preço e políticas de pagamento.

Apresente o plano de gestão e as pessoas envolvidas na condução da empresa

Essa seção deve conter a descrição de investidores, diretores e equipe gestora com suas qualificações, competências e histórico, além de uma visão geral de outras pessoas fornecedoras de recursos que possam estar envolvidas no negócio.

Descreva o plano operacional

No plano operacional é necessário apresentar uma explicação de todos os elementos necessários para viabilidade a entrega do produto ou serviço, contemplando instalações, mão de obra e matéria prima (se houver), tecnologia, métodos utilizados e processos-chave.

Não se esqueça do plano financeiro

Além de informações como fontes de financiamento e necessidades financeiras, é importante apresentar nessa seção projeções de receitas, custos e lucros e dar uma visão geral do histórico financeiro da empresa, como demonstrativos financeiros, balanço patrimonial, declarações de impostos, etc.

Erros a serem evitados no business plan

Seja em um ambiente organizacional estruturado ou em um contexto empreendedor, o responsável pela elaboração do business plan deve estar atento para não cometer os seguintes erros:

Negligenciar o fornecimento de dados sólidos

Afirmações vagas e ambíguas sem sustentação numérica e analítica podem ser consideradas uma afronta aos ouvidos dos investidores.

Complicar na explicação do produto ou solução

Evite jargões comuns a uma comunidade ou setor e economize no "tecniquês" (mas esteja preparado para explicar a tecnologia por trás de sua solução).

Não analisar o mercado em profundidade

Afirmar que não há concorrentes para a sua solução é praticamente uma predição de fracasso. Mostre com solidez o seu posicionamento esperado e apresente pontos fortes e fracos de concorrentes diretos e indiretos. Se possível, inclua cenários com participação de mercado, posicionamento de preço e rentabilidade.

Apresentar demonstrativos financeiros incompletos

Forneça sempre uma robusta análise econômico-financeira e as premissas que a sustenta. Certifique-se sempre de que os números fazem sentido.

Ocultar fraquezas

Saiba mapear e lidar com os pontos fracos do seu empreendimento. Todo mundo tem. Ignorá-los ou disfarçá-los no momento de levantar capital pode ser prejudicial. Seja transparente e tenha em mãos um plano de ação que trate das vulnerabilidades.

Gramática

Um business plan descrito de maneira deficiente pode ser bastante desestimulante. Invista em uma boa edição e não economize nas validações.

Construir um plano muito extenso

Um bom plano não é um plano extenso. Os avaliadores identificaram a brevidade e simplicidade como uma indicação de qualidade, pragmatismo e clareza do empreendedor acerca do seu negócio.

Não se torne refém do seu business plan

O processo de construção de um business plan por si só já é um exercício importante para o empreendedor refletir sobre o seu negócio e os fatores de impacto inerentes à jornada para concretizar o seu negócio.

Esse exercício não possui fórmula mágica e deve ser dosado em função do momento da empresa, o contexto em que ela se insere e as informações disponíveis para a sua elaboração. E o mais importante: não deve ser interpretado como uma constituição com cláusulas pétreas.

O maior problema das empresas ao escrever um Plano de Negócios é empregá-lo com fidelidade no futuro.
— Luiz Arnaldo Biagio

Sobre o autor:

A Woke é uma empresa de executive search e desenvolvimento de carreira,  acreditamos que pensar em carreira não tem hora.

Nascemos em 2016 pelo inconformismo no modo de operar as relações de trabalho. O mundo está em constante evolução, a tecnologia impulsionou mudanças em diversos setores do mercado, e pensar as relações de trabalho não poderia ser diferente.

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